sábado, 5 de junho de 2010

Grande e Pequeno sou eu...


Mestre Pastinha disse: “Na roda de Capoeira, grande e pequeno sou eu...”

Quando paro pra pensar na infinitude do tamanho do universo ou na pequenez das vidas de insetos ou micro-organismos, tenho a sensação de que o mestre estava se referindo a algo que quero tratar aqui, ao menos parcialmente (já que o pensamento do mestre é bem mais aprofundado...).

Quem somos nós, individualmente, na roda da vida¿ Quem somos diante do tempo e do espaço das coisas grandiosas e pequeninas desse “Mundão Véio de Deus”???

Um terremoto pode ceifar milhares de vidas em minutos, e nada mais é do que um toque sutil de duas placas tectônicas, fruto de um movimento interno da massa solar sobre a qual nos encontramos...

Uma pessoa pode numa simples pisada displicente acabar com centenas de vidas de formigas ao colocar o pé num formigueiro, ou eliminar toda uma espécie, derrubando partes de uma mata, alterando características naturais de certa região.

Grande e pequeno é o ser humano...

E diante desse tamanho, dessa condição à qual cada um de nós se encontra, individual e/ou coletivamente, fico vendo que tem gente que se acha maior ou menor do que realmente é, ou usa essa coisa do tamanho como pretexto pra não ser o que diz ser e/ou acreditar.

Todos temos ações diárias que podem fazer diferença (ou não) diante da nossa condição e tamanho no mundo... Coisas que pra alguns parece bobeira como “não jogar papel no chão”, ou coisas mais radicais como “boicotar o uso de certos produtos de certas empresas”...

São ações que podem servir de exemplo pra alguém que queira dizer: “estou fazendo minha parte!!!”

O argumento, que parece conclusivo, é ingênuo e deixa um enorme buraco (ou lacuna) diante do ponto no qual estou tratando aqui: “O que significa fazer sua parte? no que isso muda ou interfere diante da magnitude e-ou pequenez já citadas anteriormente?

Serve ao Ego, pra que se possa sentir responsável diante de outros que parecem não ver o que está ai? E esse Ego cheio por essas atitudes, muda o quê?

Serve como modo de auto-promoção, trazendo para si a atenção dos demais por esse diferencial, gerando uma imagem de “boa pessoa”?

De que maneira essas ações individuais, ou mesmo as coletivas, interferem no mundo, na vida, na caminhada natural das mudanças no tempo???

Aos que têm mania de grandeza, e acham que só as ações que transformam todo o planeta, ou pelo menos uma grande parte dele, é que são válidas, pode-se dizer que essas são realmente pequenas e inválidas, e que não mudam nada...

Aos que tem mania de pequenez, e acham que essas ações cotidianas transformam tudo, e que basta irmos de cabeça firmes e fortes que logo teremos os resultados daquilo que desejamos, se desesperam e entristecem por ver que apesar de tantos esforços, pouco muda rapidamente, e que “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”(Belchior)...

No fim das contas, “grande e pequeno sou eu” ... Porque sou fruto e raiz, ao mesmo tempo... Porque não sou a mudança que quero no mundo (como sugere Gandhi), mas também não compactuo com as mazelas que vejo e não desejo pro mundo...

Creio que nesse embate sobre a grandeza e a pequenez reside uma coisa chamada Contradição... E embora seja difícil e estejamos em volto há uma série de questões para com a qual temos que nos posicionar, é praticamente impossível não viver o conflito produtivo da Contradição.

Chamo de conflito produtivo, pois quando se deixa de temer a contradição fica mais fácil de perceber nosso lugar no tempo e no espaço, nosso tamanho fica mais real, nem tão grande, nem tão pequeno.

Reconhecer a contradição, de saber que a ação não traz resultados imediatos nem pessoalmente (o que descarta o egocentrismo citado anteriormente), nem socialmente, mas que ainda assim virão outros desdobramentos é a forma de não cair na armadilha do desânimo, da apatia, do comodismo...

A crença de que não adianta fazer nada, ou que tudo que se faz é pequeno diante da imensidão do mundo, serve apenas pra justificar o alienação na qual muitos já se vestiram, e é apenas uma justificativa pra si mesmo, e para os outros, da sua anulação diante das possibilidades que estão ai, no tamanho real de cada um!!!

Ninguém tem o poder de transformar tudo que se quer, mas ao ser parte daquilo, já estamos tomando uma posição... Basta saber se diante da maré, vai-se querer ir conforme a onda, ou tomar o prumo e remar... O vento muda, a maré muda...Nós mudamos....

Um comentário:

  1. Como diz um jovem rapaz sábio... ' O vento muda, a mare muda, nós mudamos'... Alan zas...
    Me pego pensando no certo e no errado... Mais oq esta certo e o que esta errado? Quem sabe.. não é apenas opiniões...?

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