quarta-feira, 19 de maio de 2010

A Gaiola do Vistoso

Essa é a letra de uma ladainha que fiz há pouco tempo (tipo de canto, momento, concentração, prece, que existe na Roda de Capoeira Angola)... A mensagem está explícita:

....

Foi num dia lá na mata

Um tucano e um bem-te-vi

Se falavam sobre a vida

E a beleza por ali

O Tucano orgulhoso

Disse logo: Sou mais belo

Tenho o bico pomposo

Verde, preto e amarelo

Bem-te-vi ficou ouvindo

E tentou até piar

Mas o tucano tava surdo

Da vantagem à contar

Não ouviu o caçador

Que chegava pra caçar

Tucano hoje ta preso

Perdeu sua liberdade

A gaiola do vistoso

Foi a sua vaidade, camará...

PS: A imagem do Tucano preso foi feita por mim mesmo, no Sítio Rincão...No dia, tentei descobrir o que dava direito (se é que isso pode ser chamado assim...) de ter alguns animais em risco de extinção na situação de cativeiro... Cheguei a encaminhar um tipo de denúncia, através de um contato que tenho... Mas...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Com a minha inteligência não se brinca...


Recentemente recebi e vi circular um vídeo desses, com narração e montagem de fotos, que as pessoas fazem com textos diversos, mensagens de amor, auto-ajuda, poesia, até a transmissão de certas doutrinas ou “verdades”. Enfim... Acredito mesmo que a internet, como qualquer meio de comunicação é aberto e deve ter todo o tipo de produção que as pessoas quiserem e puderem fazer, mas me preocupa como essa possibilidade de “comunicar” também apresenta certos perigos...

Num mundo onde as pessoas competem, como se fosse um jogo, buscando supostos melhores lugares, status, condições, materiais, fama, etc, torna-se cada vez mais comum, especializações em certas áreas, afim de ensinar aos demais como ganhar...Muito mais do que jogar, as pessoas querem vencer... Aquela máxima esportista de que o importante é competir, está muito longe de ser verdadeira nesse jogo da vida moderna... “Todos querem vencer, não importa o custo, não importa a forma... Se tiver que passar por cima do outro, dos valores do outro, da dignidade do outro...O importante é chegar lá”!!!!

E as regras de como “chegar lá” vão sendo construídas muitas vezes de um modo maquiavélico (no sentido epistemológico mesmo, da palavra...rsrsrs...Acho engraçado usar isso...). Manipular, omitir, generalizar, induzir... A inteligência, a razão, o bom senso, vão sendo usurpadas por essas estratégias, dando espaço pra vários preconceitos e extremismos.

Nesse caso especifico, o vídeo que recebi chama-se “Com Deus não se brinca”...

Não vou postá-lo aqui, mas qualquer um que estiver lendo o blog pode acessá-lo no You Tube...

A coisa começa com o narrador dizendo o nome do vídeo e em seguida citando seu próprio nome, pra que todos saibam que é ele quem está narrando (rsrsrsrs...); na sequência, ele cita um versículo da Bíblia sobre “não zombar de Deus e tal”... Bem, ai começam as “explicações”:

Fala que John Lennon levou um tiro de um fã depois de dizer que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo, que Tancredo morreu antes de tomar posse após dize que nem Deus poderia lhe impedir de fazer isso, que Cazuza tragou um cigarro de maconha e ofereceu pra Deus e, enfim... O vídeo vai citando mais alguns famosos e um caso específico que teria acontecido em Campinas... Depois dos “ocorridos”, o narrador cita um trecho de um texto sobre a “autoridade de Jesus”, provavelmente de sua própria autoria, e faz um PS, sugerindo que as pessoas devem ter coragem de reenviar o vídeo...

“Bão”... (como diriam uns matutos, antes de começar a expressar seu pensamento):

... Começo fazendo uma pergunta: “Qual o objetivo desse vídeo¿ Que as pessoas tenham medo de Deus¿ Que as pessoas citadas foram castigadas pelo que fizeram¿ Que nossas vidas estão diretamente salvas ou condenadas pela forma como usamos o nome divino¿”

Bem... O que pretendo aqui é fazer algumas observações relevantes, pois se o autor do vídeo acredita que não se deve brincar com o “nome divino”, acredito que ele também não deveria brincar com nossa inteligência...

1 – John Lennon fez a afirmação sobre a popularidade dos Beatles em 1966, o tiro levado pelo cantor, e citado no vídeo, foi em 1980... Essa distância no tempo já demonstra que alguma coisa não se encaixa tanto assim na colocação do senhor narrador. Além disso, a afirmação feita pelo Beatle não é uma mentira, já que no mundo todo a banda fez sucesso, e nem todos os cantos do mundo são cristãos, ou seguem o Cristianismo (vale ressaltar que existem religiões tão influentes e amplas, como o Islamismo, o Budismo, Hinduísmo, etc), e que os Beatles na época eram ouvidos por gente de toda fé...

Além disso, o fato de Lennon ter sido assassinado por um fã, não desmerece, nem diminui sua importância como compositor (de canções que pediam paz, solidariedade e amor ao próximo), músico (que introduziu instrumentos de outras culturas em sua formação, ampliando a possibilidade do pluralismo cultural) ou ser humano... Durante o vídeo, tenho a impressão de que o narrador vai tratando as pessoas citadas, como se fossem pecadores profanos e que o que lhes aconteceu parece ter sido “bem-feito”... O que não é dito, por exemplo, é que o assassino de Lennon era um psicótico, que ouvia vozes, e que em seu depoimento pra polícia chegou a dizer que: “parte de mim é o demônio”. (Será que nessa caso, de acordo com nosso narrador, Deus e o demo trabalham juntos¿¿¿ rsrsrs)

2 – Tancredo Neves teve uma das mortes mais polêmicas da História do Brasil... A versão oficial fala de uma doença no intestino (divecutulite), mas muitas são as controvérsias e versões que sugerem que ele tenha sido vitimado por um atentado, por causa de suas divergências, particularmente no Plano Econômico que se pretendia aplicar no país, após sua posse. Atribuir à fatalidade do “nem - presidente” a uma afirmação feita em relação aos processos políticos que estavam acontecendo, sem levar em consideração todo esse ambiente, as causas, os fatos da época, é realmente uma forma de brincar com a inteligência alheia...

3 – Cazuza foi acometido pelo Vírus HIV em 1990... Ele não pegou HIV fumando maconha... Não vou nem entrar em detalhes sobre a história do cantor, que qualquer um pode encontrar na NET também, mas acho importante salientar o preconceito implícito e explícito no texto narrado no vídeo, já que o uso da maconha é considerado algo sagrado em outras tradições religiosas, como os Rastafári. Além disso, se usarmos esse raciocínio de que a morte pela AIDS, que matou Cazuza, foi por causa do que ele disse, como ficam os milhares dos soropositivos (crianças que nascem com o vírus, inclusive), em relação ao fato de viver e morrerem assim¿ Seria também pelo que disseram em relação a Deus¿ Alguém já ficou livre do HIV por converte-se a alguma religião ou falar bem de Deus¿ (Santa paciência... Santo Saco....)

4 – Bon Scott morreu asfixiado pelo próprio vômito porque bebia e se drogava tanto que ficou num estado no qual vomitou inconsciente e, por não ter vazão pro vomito, acabou se asfixiando. Isso não aconteceu só com ele na época, e qualquer um que faça o mesmo, louvando seja lá quem for, corre esse risco...

5 – Quer dizer que Deus quem afundou o Titanic, só pra mostrar que o construtor estava errado¿ (Aaaaaaaaaaaaaaaaaaiii.....Meu saco!!!)

6 – Já ouviram a frase: “Se dirigir, não beba!!!”... Alguém quer uma explicação para isso¿ Quantos não são os acidentes com vítimas fatais que acontecem por ai, principalmente em regiões onde os meninos de Classe Média fazem tudo que querem, achando que não tem conseqüência ¿ Será que se eles tivessem deixado um espaço pro divino no carro, além de louvar e agradecer, beber até o cú fazer bico, e sair, não teria acontecido o acidente¿

Já fico imaginando a Polícia Técnica (aquela mesma da Formação Científica do outro texto), “encontrando a caixa de ovos no porta-malas intacto do carro que ficou irreconhecível...”

Pra que os ovos¿ Será que era pro tira-gosto¿

Hahahahahaha.... É rir pra não chorar... Será que realmente esperam que eu acredite nisso¿

Em relação ao conteúdo, não tenho mais o que escrever, mas gostaria de salientar mais umas observações a respeito da qualidade na montagem do vídeo:

1 – Narração: O Figura, que se auto-divulga logo no início, narra o vídeo com uma voz grave, num tom que conduz às pessoas a um estado emotivo. Em certo ponto, quando vai falar sobre o caso de Campinas, o tom fica ainda mais denso, como se o caso estivesse ali, acontecendo, até chegar ao ápice em que a voz fica firme (num estilo Cid Moreira) e diz: “Mas o porta-malas ficou intacto!”... e ele prossegue: “Lá estava uma bandeja com 18 ovos, sem nenhuma arranhão, e todos nos lugares corretos da bandeja” (uhúúúúúú...É vibrante), o cara é tão bom que consegue fazer de uma história dessas uma coisa que realmente toca no coração dos demais... (Galvão, aprenda com ele...rsrss).

2 – A trilha sonora: a música que vai rolando no fundo do vídeo também é algo de grande importância. Uma ópera (ou opereta, não consegui definir), com uma voz feminina, que remete a um clima de introspecção... Nesse caso é bacana perceber que ao montar o vídeo o autor também fez escolhas que conduzissem para um tipo de melancolia, que casada com a narração, vai dando aquela sensação de martírio...

Enfim... (que esse artigo já está quase um livro...) Durante muito tempo nessa vida, questionei sobre algumas supostas verdades difundidas e amplamente divulgadas por certas religiões. Depois, fui me dando conta de que quando o assunto é fé, não tem muito que se discutir, debater ou tentar comprovar... Acabei aprendendo que a idéia de Religião está ligada á própria origem da palavra, Re-ligare (religar-se, ligar-se em si mesmo), e que cada um tem a condição, e-ou a opção de escolher qual verdade melhor se encaixa pra que ocorra esse encontro. E nesse princípio, acabei por entender que a tolerância para com as crenças alheias é o melhor caminho, pra não se chegar a conflitos cegos!!!

Ainda assim, não posso deixar de me indignar quando percebo que tem gente que quer utilizar o medo, a chantagem e a manipulação para trazer para sua própria crença, aquilo que cada um pode fazer dentro de sua própria vida e opção.

A palavra Deus significa “Onipresente e Onipotente”. Fico me perguntando:

Por que um ser de tamanha magnitude seria tão vaidoso ao ponto de se ocupar se as pessoas estão lhe adorando, lhe seguindo, lhe obedecendo ou não¿

Mais ainda: “Se Deus é amor, e o princípio do amor é fazer o bem, de que serve toda essa adoração, essa rendeção, enquanto as pessoas continuarem a espalhar ódio pelo mundo afora¿ A salvação pessoal¿ Isso não é um tipo de egoísmo¿ O egoísmo não é um braço do desamor¿ E o medo cego não é um braço do ódio¿”

Enfim (definitivo...rsrsrs), sendo a internet esse espaço plural onde todos podem colocar aquilo que lhes convém, cabe sempre um tanto mais de bom senso e cuidado para com as verdades que nela são difundidas. E qualquer mensagem que apele pro medo cego das pessoas, precisa ser vista com cuidado... O medo é um dos caminhos mais certos para o desespero...Desesperado um ser humano pode fazer qualquer coisa que o outro queira...matar, morrer...e crer, cegamente!!!

Não brinque com minha inteligência, nem com a dos demais....

terça-feira, 11 de maio de 2010

Uma casa de Espelhos (o outro e o relacionamento)


Uma casa de espelhos... Gostei bastante dessa definição (Baila)... No fim das contas quase sempre é isso mesmo...
Estava falando sobre relacionamentos hoje...E certos assuntos parecem se atropelar como se fizessem parte do mesmo mundo (Será que é porque fazem ? ? ? ? rsrsrs)
Relacionar-se é lidar com os espelhos que criamos e saber que eles não são nem metade do que pensamos... Relacionar-se é perceber que a gente precisa um do outro, mas não é dono, nem deve se submeter ao outro, anulando-se, e que o outro é diferente de nós em tudo, por isso é chamado “outro” e não “eu”... (dentro de uma perspectiva Rasta, não existe essa ideia de outro, pois todos são “eu”, por estarem ligados diretamente à Jáh, o supremo, “que é o que é em si”... uma crença pertinente num tema como esse em que o reconhecimento do coletivo passa pelo indivíduo e vice-versa)
Escrevendo assim, identificar, conviver, aceitar e lidar com o outro fica até fácil...
Materializar essa idéia de relacionamento é que é mais complicado, até pros que tentam fazer uma ponte pensada, concreta e coerente entre aquilo que se diz e faz, aquilo que se pensa e pratica.
Tem uma dinâmica que utilizo para que os jovens com quem trabalho possam entender como funciona o trabalho do arqueólo:
Eu levo pra eles uma porção de objetos, estranhos ao seu cotidiano (artesanatos ou peças de culturas com as quais eu imagino que eles não tenham contato no seu dia-a-dia), peço-lhes que façam uma análise desse material, sugerindo um caminho que é: descrição (o mais detalhada, completa e neutra possível); o levantamento das hipóteses (O que acham que é o objeto, pra que serve, como foi feito, o que representa); por fim peço que os mesmo cruzem essas duas etapas, utilizando os elementos da descrição para a comprovação, reafirmando ou desconstruindo as opiniões dadas nas hipóteses.
Para que o procedimento fique um pouco mais claro, costumo fazer uma espécie de teatro para eles, encenando as etapas que um investigador/detetive deve ter para solucionar um caso (eles sempre citam um seriado chamado C.S.I., que eu nunca vi, mas parece interessante), enfim...
O Wagnão escreveu: “Nada é realmente o que aparenta ser”... Tai, concordo plenamente, ainda mais num mundo tão cheio de maquiagens e contradições...
O policial me viu correndo na rua, parou o carro e disse: “parado”...
Eu parei, e perguntei “qual era o caso ?”... Ele disse que era “por eu estar correndo”... Respondi: “É, estou atrasado”... Perguntou “para quê?”, e aquela ladainha toda... Enfim, no final, se desculpou dizendo que era procedimento por “atitude suspeita”...hahahaha... Quer dizer que num mundo em que tudo e todos correm, a polícia com sua formação “científica” acha que um negro de dread’s correndo é suspeito, e ainda justificam isso dizendo que é ciência ? ? ? (ouvi um capitão dizendo uma vez que não existe mais preconceito na Polícia, pois os soldados recebem formação “científica”)...
Polícias à parte (que a parte deles é sempre um tanto mais complicada), fico sempre pensando como é que a gente pode, de maneira prática, se relacionar com outro sem atropelar, nem ser atropelado...
De um modo bobo, descobri que há muitos caminhos para isso, e um deles tem há ver com o procedimento da atividade que expliquei antes: Se tentarmos ter contato com as pessoas, deixando que as sensações nos conduzam sem fazer julgamentos prévios, podemos acumular uma quantidade de impressões muito maiores e mais interessantes, do que se simplesmente nos deixarmos levar por uma primeira impressão...
O Homem é um ser naturalmente social, desde nosso nascimento até nossa maturidade... Até nossa solitude existe em relação aos demais...
Nossas antenas mais obvias (visão, audição, olfato, tato e paladar) já foram naturalmente potencializados pra conseguirmos ter muitas impressões de tudo à nossa volta e nos possibilitar relações uns com os outros, e com o mundo...
Se eu me permito olhar mais (as cores, as formas, os contornos, o movimento, o gestual), ouvir mais (o graves, os agudos, os suaves, os fortes, as melodias, os tons), tocar mais (sentindo as texturas, as temperaturas, as formas, o volume), sentir os cheiros (agradáveis, desagradáveis, repugnantes, atrativos) provar mais (o salgado, o doce, o amargo, o azedo, o picante, as combinações), possibilito a ampliação do meu contato comigo mesmo.
Se as pessoas aprendem a sentir, tem maior condição de ver no outro mais do que a si mesmo, vêem aquilo que o outro é, naquilo que o outro imprime, e não naquilo que foi criado por nós, por nosso próprio desejo prepotente (ainda que muitas vezes inconsciente)... Essa ampliação na relação com o outro, pode trazer algo que os Rastas já dizem, com base em sua crença há anos... Ao ver melhor o outro, posso ver melhor a mim mesmo, e assim, todos podem de algum modo ser “um só”...Eu e Eu, buscando Ponto de Equilíbrio!!!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Segunda de baseado, valores de sangue, pangéia e volta ao mundo!!!


Amanheceu... Segunda-feira, pós-dias das mães... (Por que nesse dia eu ainda não tenho certeza...O motivo que me contaram me faz pensar que não deveria ser uma data a ser levada em consideração...Mas a energia que paira no ar, traz algo diferente...)
A noite foi rápida... Dia de trabalho...
O ambiente é um misto de muitas coisas... A adolescência é uma fase de múltiplas faces... (fase e face são coisas que perpassam a adolescência, e me lembro que isso me incomodava um tanto, na minha juventude...)
Com o esquecimento de um material que eu tinha que usar, voltei até em casa... Encontrei um grupo desses moços e moças com quem trabalho e convivo, muitos dos quais há alguns anos, muitos dos quais ainda não consigo lembrar o nome... (Isso sempre me serve de indicativo pra entender que tem muita coisa errada...)
Sim...Eles não estavam estudando, embora estivessem em hora escolar... Estavam na rua, fumando um baseado, livremente...
O motivo¿ Pode-se imaginar muitos...
Libertar a mente, encontrar uma sintonia com algo maior ¿¿¿...(Seria uma boa explicação pra quem é devoto do rastafarianismo... E seria uma explicação que me deixaria até feliz, se o motivo fosse mesmo esse...Mas não é, posso afirmar)
O baseado que fumavam é baseado em uma realidade que pouco tem sintonia com as crenças sobre as propriedades da erva, sejam elas quais forem...
Alguns esconderam de mim aquilo que era óbvio...Outros, que já me conhecem das andanças pelo mundo, me cumprimentaram, demonstrando o afeto e o respeito que construímos no decorrer do tempo, apesar de algumas diferenças na forma de ver e pensar certas coisas...
Eu ¿ Correndo, na busca do material que eu havia esquecido, correspondi ao cumprimento, brinquei com um deles, e continuei minha caminhada...Não censurei, não reprimi, não apoiei, não incentivei...Apenas corri, como já estava fazendo...
De volta ao trabalho, o material que eu usei, também pra um grupo de adolescentes, era uma produção cinematográfica americana (um filme...rsrsrs)... O tema do mesmo estava relacionado com o que as pessoas são capazes de fazer pra conseguir viver em determinadas condições, e como a ação de certas pessoas podem intervir diretamente na vida de outras...
Enquanto esse grupo via o filme, estive com outras turmas, tratando de outros assuntos... Falava sobre a História do homem e do planeta... A origem de tudo... Citei que existem diferentes formas de pensar sobre o assunto, e que as mais comuns são o criacionismo e o evolucionismo... Tentei tratar do assunto de uma maneira não tendenciosa, e procurando mostrar como dentro dessa linhagem de fé (o criacionismo) podem existir muitas vertentes... (Fico sempre preocupado com o tipo de dogmatismo sectário e intolerante das pessoas que aceitam suas verdades como absolutas... Ignorando, menosprezando e querendo tratar como inferior as verdades alheias...)
Dada essa introdução, iniciei com eles uma viagem pela teoria da criação do mundo, as explosões da estrela que chamamos de Sol, a formação dos planetas, as comprovações dadas pelos cientistas para cada uma das fazes do processo que levou a formação do que conhecemos como planeta Terra, hj...Passando pela formação da Crosta-terrestre, a atmosfera, o resfriamento (glaciação), as 1º chuvas, a deriva dos continentes (A Pangéia), os primeiros seres unicelulares, e a formação das espécies, marítimas, anfíbias e terrestres, os herbívoros, onívoros e carnívoros, etc, etc, etc...
Eu viajei com eles no tempo, e percebi que muitos deles vieram comigo... Alguns indignados com as explicações da Ciência (que contradiz parte de suas crenças), outros, interessados naquele percurso que parece tão fascinante...
Enfim... Em meio a isso, depois disso, no decorrer disso, tratei de outros assuntos... Desde trocar ideias com um rapaz que derrubou uma parede de madeira com uma pesada, até um velho amigo sobre cervejas e os projetos de futuro...
Onde quero chegar com esse texto¿ Vou explicar...
Pensando nos meninos e meninas fumando seu baseado, nas coisas que as pessoas fazem pra viver em certas condições (passando por cima de tudo e de todos, muitas vezes), nos efeitos colaterais e nas imensa possibilidade de pensar e entender a vida humana, ainda que ínfima diante da grandiosa força da natureza, acredito que “na volta ao mundo”, sendo grande ou pequeno, todos nós precisamos aprender o jogo de olhar o outro, de sentir o outro...Mais que isso, de saber que o outro também é tanto quanto nós mesmos...
Parece óbvio, mas em meio aos valores e desejos avassaladores, do canto doce de sereias que destilam veneno, das correrias de um cotidiano quase insano, da falta de diálogo em espaços construídos pra reprimir, sinto que muitos de nós já não vemos além de uma imensa opacidade!!!

quinta-feira, 6 de maio de 2010